sexta-feira, 20 de abril de 2007

O MELHOR DO TRIO TERNURA


Será que Mark Steven Johnson tinha idéia que o Coração Negro era deste jeito aí? > >

:-)

A história Corações Negros foi roteirizada por Howard Mackie, desenhada pelo abençoado John Romita Jr. e arte-finalizada por um colaborador de velha data, Klaus Janson. Publicada no Brasil em 94, trazia na premissa mais um esquema de Coração Negro para usurpar o trono infernal de seu pai, o mega-cramulhão-mor Mefisto. Para tanto, resolveu recrutar Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Justiceiro, três badbad-guys da Marvel Comics que ninguém gostaria de topar num beco escuro. Claro que os três juntos formam uma química explosiva capaz de chamuscar o próprio capeta e a única coisa que Coração Negro arrumou ali foi encrenca.

Esta foi uma das raras ocasiões em que Coração Negro recebeu uma atenção especial por estes cantos, visto que a cronologia (já ralinha) do demoníaco vilão foi bastante depredada durante a era Abril Jovem. O personagem foi bem aproveitado por aqui em seus primeiros dias - na fase Ann Nocenti/Romita Jr. do Demolidor, publicada na saudosa Superaventuras Marvel - e após isto, apenas em participações pra lá de esporádicas e especiais en passant como este.

Lá fora, ele teve uma longeva story-line, publicada na revista Ghost Rider, que nunca viu a luz do dia por aqui, e mesmo lá sofreu com um impedimento na grande área. No fim dos anos 90, a última edição de GR, a #94, foi simbólica neste sentido. Cancelada pela Marvel por motivos de déficit financeiro (pendura mesmo), deixou de concluir toda a fase de Danny Ketch nos ossos do Motoqueiro, iniciar um novo plot com o motoca anterior Johnny Blaze (agora pai de família), e até fazer algumas revelações, como a verdadeira identidade de Black Rose, a satânica consorte de Coração Negro (era a finada Roxanne Simpson, ex-esposa de Blaze).

Com o caixa da Marvel já recuperado via cinemão roliúdiâno, a edição acabou sendo publicada no final do ano passado, com direito à desculpa esfarrapada, bônus e tudo. Mas aí o timing já tinha ido pro saco. De qualquer modo, obrigado pelos peixes.

E vamos ser justos... por anos, a Marvel operou às portas da concordata, cancelando títulos sumária e impiedosamente, levando em conta apenas a projeção de vendas. Complicado editar uma cronologia que, de uma hora pra outra, vira um total dead end. Na verdade, não faz o menor sentido. Claro que isto não justifica todas as derrapadas da Abril, mas é algo a se colocar na balança. A Panini mesmo nunca teve de encarar um pepino destes e já toma algumas decisões bem polêmicas.

O scan da edição nacional de Corações Negros está disponível na rede há um bom tempo, mas o arquivo que mais se propagou foi aquele no tenebroso formato pdf. Não é por nada, mas Acrobat Reader, pra mim, só serve pra ler edital. Então resolvi escanear no padrão gringo, dar aquele acabamento básico no Photochopp e subir pra ver se espalha por aí.

A HQ está linkada na imagem abaixo. Sem tarjas, marcas d'água ou senhas. Totalmente open-source e freeware.



Mirrors:
FileFactory
Badongo
Links off


Corações Negros também ganhou uma continuação em 94, até onde sei, inédita no Brasil.

Em The Dark Design, o Trio Ternura se vê novamente às voltas com o bastardo dos infernos Coração Negro, ainda conspirando contra seu progenitor Mefisto. Roteiro do mesmo Howard Mackie (expert em enxofre) e "Images" por conta de Ron Garney.

A narrativa traz muito pouco do clima de suspense anterior e aposta num package de ação semi-standard. É muito funcional no que propõe, mas os pontos altos são, de longe, o senso esperto de continuidade (os personagens não ignoram os eventos da primeira aventura) e um final realmente inesperado, pra dizer o mínimo.


Esta história está disponível nos links a seguir [em inglês] >>

The Dark Design
Mirror: FileFactory
Links off


"I'm rolling thunder, pouring rain... I'm coming on like a hurricane..."

segunda-feira, 16 de abril de 2007

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO HULK


Parece que a notícia do dia nos meios pop quadrinhísticos (quiçá cinematográficos!) foi Edward Norton embebido em radiação gama para o próximo filme do Hulk. Norton é um dos melhores atores de sua geração e sua presença neste projeto com certeza muda, e muito, a percepção geral sobre o que virá a ser o filme. O primeiro longa foi bastante criticado, principalmente pela intensa carga dramática conferida pelo diretor Ang Lee (não inesperadamente: ele cansou de repetir que faria uma "tragédia grega", nestas palavras) - do lado de cá, acredito que este primeiro momento foi absolutamente necessário antes de qualquer outra coisa.

Mas a história se repete - se antes a novidade insólita foi a toda-boa Jennifer Connelly, agora é a vez de Norton garantir uma atuação de alto nível e, porque não, ser um baita chamariz de público (principalmente após a moralzinha mais popularesca adquirida via O Ilusionista). Tomara que não seja pedir demais que La Connelly retorne ao cast, juntamente com o grande Sam Elliot. Eu até ajudo a pagar.

Se alguém tem experiência em dupla personalidade é Ed Norton. A primeira vez que vi o sujeito foi em As Duas Faces de um Crime, com Richard Gere estrelando. O thriller era meia-boca toda vida até seus dez minutos finais, quando é revelada a presença de um monstro gigante em cena. Quem assistiu o filme na época saiu atropelado. Na ocasião, Norton saiu recolhendo indicações - Oscar incluso - e prêmios a rodo (conta quantas vezes aparece o nome dele aqui). Já em Clube da Luta, seu alter-ego, o paranoid Tyler Durden, era uma força anti-sistema de caráter (auto-)destrutivo. E o Hulk não é nada mais que uma simbologia grotesca e per se deste mesmo conceito.

A verdade é que daí pode sair qualquer coisa (até mesmo o primeiro nuke da filmografia de Norton), mas ao menos há uma certeza: Bruce Banner nunca esteve tão próximo de seu sociopata interior.


No final de 2005, "todo mundo" foi aterrorizado pela imagem acima. Até então, só sabíamos que uma das tretas mais clássicas dos quadrinhos - Wolverine contra Hulk, gafanhoto! - ganharia sua versão no Universo Ultimate, onde tudo vale, tudo é permitido, de golpe abaixo da linha da cintura a dedada no olho. Mas ninguém estava preparado pra isto, for Christ's sake. Viajando pela web como parte de um preview da história, a força dessa imagem foi um trampo marketeiro de primeira linha. E reflete à perfeição o que é a Marvel Comics sob a gerência de Joe Quesada, para o bem ou para o mal. O fato é que a mesma foi o papel de parede de todos os computadores que usei na época. Já vinha em resolução 1024x768 mesmo. Fui fisgado legal, admito.

Aí saiu a primeira edição. A primeira de uma minissérie de seis. Fevereiro de 2006. Escrita por Damon Lindelof, co-criador e roteirista de Lost, e desenhada pelo excelente Leinil Francis Yu, de Superman: O Legado das Estrelas. Nada mal, hein. No mês seguinte (março, pra constar), houve um apagão e nada da revista. Tá, era bimestral. Beleza. Em tempos de Evil That Men Do, Daredevil: Father e Ultimates 2, a paciência virou a maior das virtudes. Em abril, ueba, lá estava a HQ seguindo seu curso na 2ª edição.

E foi a última vez que a vi.

Atualmente, Ultimate Wolverine vs. Hulk jaz em alguma geleira próxima daquela em que o Capitão América foi resgatado. Ou em algum ponto obscuro da ilha de Lost, onde nem os Outros se atreveriam a chegar. A história do atraso desta 3ª edição virou lenda urbana nos meios editoriais. Primeiro, ela foi re-solicitada para maio. Após, teve lançamento oficial agendado pra 12 de julho e nada aconteceu. Re-solicitada novamente para 9 de agosto, e na seqüência para 20 de setembro, 25 de outubro e, mais uma vez sem sucesso, para 27 de dezembro. Por fim, foi anunciado seu cancelamento provisório até que todas as edições restantes estejam completadas.

Eu nem ligaria se fosse, p.ex., o Aranha Ultimate de Bendis/Bagley. Mas o que acontece aqui é justamente o contrário. Ultimate Wolverine vs. Hulk estava se encaminhando pra ser uma das coisas mais divertidas publicadas nesta década. As duas únicas edições são um tour-de-force irresistível de humor negro e boas sacadas.


A premissa é aquela mesma juramentada e sacramentada pelo universo normal dos personagens - a SHIELD quer a cabeça do Hulk numa bandeja e vê em Wolverine a saída mais prática pra resolver a parada. A seqüência insanamente gore do Wolvie sendo partido igual Doritos vem logo nas primeiras páginas, já entregando a disposição monstruosa de Lindelof/Francis Yu. Depois disso, corta pra alguns dias antes, quando Nick Fury tenta convencer Wolverine... pensando bem, "convencer" não foi bem o caso.

Fury: "Você fará, Logan?"
Wolvie: "Yeah. Eu farei."
Fury: "Eu não tenho de ameaçar você? Te dar uma moto multi-milionária? Te oferecer um pedaço do seu passado misterioso?"
Wolvie: "Você disse que ele é durão. Vai ser divertido."

Nesse interím, o Hulk/Banner (que saiu vivo da execução termonuclear vista em The Ultimates 2 #03), fez uma excursão literalmente devastadora por vários países da Europa e acabou desembocando no Tibet atrás de paz interior. Como sabemos, o Hulk Ultimate é cruel até a medula óssea e seus acessos de fúria não perdoam ninguém. Só mesmo alguém da linhagem sagrada do Dalai Lama poderia ajudá-lo... no caso, este seria o Panchen Lama e é aí que eu paro porque a cena é hilária e não dá pra revelar mais.

No frigir dos ovos, a última coisa que nos resta é a esperança. Miremos no exemplo da lendária 13ª edição de Ultimates 2 que está aí, na boca do caixa, com shots descaralhantes de páginas óctuplas aquecendo a chama que existe em nossos corações. Raspas e restos me interessam. Não tenho dignidade, pois sou fã de HQs. E como Leinil Francis Yu não é de dar satisfações, vou de Ed McGuiness mesmo.




Na edição #50 de Wolverine, McGuinness e o irregularzão Jeph Loeb mandam um 'curta-metragem' bastante divertido, onde Wolverine relembra detalhes aparentemente não divulgados de seu primeiro encontro com o Hulk, logo na estréia do baixinho canadense.

A referência é clara e evidente. Leinil & Lindelof (parece dupla sertaneja) até constam nos agradecimentos, mas o modo como a história termina é particularmente sugestivo. Só espero que não seja uma alusão ao destino da mini.


Pelo menos, terei alguma distração durante a espera. Como a "batalha do século", por exemplo.



...que por acaso é revanche. Hulk já perdeu uma vez pro Raio Negro. Quero ver agora, no jogo de volta.




Se o novo confronto for tão sóbrio quanto este...


Edward Norton em Hulk 2... surreal.